Uma mesa portuguesa sempre tem… uma bela sobremesa. Tal tradição é explicável: até meados do século passado, só em Lisboa haviam cerca de 300 conventos femininos, o que promoveu o nascimento e consolidação de práticas culinárias tratadas como segredos pelas congregações. São delícias cujo nome não nega a origem, como papo-de-anjo, manjar-divino, pudim-do-céu, paraíso, mexerico-de-freiras.
Dentre os doces conventuais, o mais famoso, talvez, seja o pastel-de-belém, um tipo de pastel-de-nata com base de massa folhada e cujo recheio é um creme feito com leite, baunilha e… Pois é, apesar da pressão externa e das muitas tentativas para reproduzi-la, até hoje essa receita continua muito bem guardada. Com isso, as filas em seu fornecedor oficial (à Rua de Belém, nº. 84, perto do Mosteiro dos Jerônimos) é sempre enooooooooooooooooorme; e cada vez maior.
Mas não pense que a doçaria portuguesa fica por aí. Ela também é repleta de itens com nomes menos devocionais: ovos-moles, língua-de-veado, arrepiado, doce-de-viúvas, bem-casados (e também bem-nascidos e bem-sucedidos), esquecido-da-vida, mimoso, presumida, primorosa, tabefe, raiva, repentino, rosquinha, palha-de-abrantes (fios-de-ovos), ais, esquecidos, quindim, rabanada…
Você já viu uma língua de veado? Nem eu. Mas, dizem as más línguas, que o doce ganhou esse nome porque seu formato lembra a língua do animal. Essa é uma bolacha doce muito popular nas pastelarias portuguesas. Em Portugal, pastelarias vendem doces; não pastéis. Aliás, dois detalhes importantes para quem vai a Portugal: lá as “pastelarias” vendem pães e alguns tipos de doces, o que equivale a uma padaria brasileira; “pastel” é um tipo de empada aberta feita com massa folhada e com recheio doce e cremoso, algo totalmente diferente do pastel brasileiro, em geral, com massa frita e recheio salgado.
O arrepiado também é um sucesso algarvio. Biscoitos tradicionais de amêndoa, os arrepiados são feitos com massa que tendem a criar picos no biscoito. Um pecado da nossa gula que nunca aceita só um, mas dois, três, cinco. As broas não ficam atrás. Sabe aquele doce que você come não só com os olhos, mas é atraído pelo aroma? Assim são as broas de mel e canela. Impossível de resistir! Como dizem os portugueses, “comer e o coçar vai do começar”.
Deu água na boca? Certamente (e em mim também!). Como somos filhos da tradição lusitana, muitas dessas iguarias fazem parte do vocabulário dos brasileiros e tem versões adaptadas ao nosso gosto. Mas sempre há um encanto a mais em prova-las no seu lugar de origem, no além-mar. Ir a Portugal e não se render a estes doces pecados é mesmo um sacrilégio!
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