“Foi a primeira vez que assisti àquele milagre da natureza, um milagre de água e de Fé.” — Virgínia nos conta uma viagem que se tornou cada vez mais inesquecível com as mudanças na paisagem da janela do carro.
Nunca esquecerei a viagem que fiz com meu avô a Juazeiro do Norte, Ceará, em 1976.
Eu tinha 16 anos, ele era um velhinho magro de 85, que já tinha feito aquela viagem muitas vezes. Na ocasião queria agradecer por, mesmo com tanta idade, ter curado um braço quebrado. Nem sei por que fui escolhida para participar do grupo, que ainda contava com um casal de tios (sua filha mais nova e o esposo) e um primo pequeno.
Lembro que saímos de Natal bem cedo, em direção ao santuário. Foram três dias de viagem, incluindo a passagem pelo açude Gargalheiras e a ida a Caicó, cidade em que ele criara sua família. Pela janela do carro vimos o litoral se tornar sertão, enquanto a paisagem ficava cada vez mais árida.
Entrar em Juazeiro teve um encantamento especial. Seguimos direto até a estátua de padre Cícero, no alto do monte. Alguns romeiros chegaram quase no mesmo tempo que nós, estropiados, empoeirados, mas plenos de Fé. Eles cantavam, e sua toada me contagiou. Vi meu avô se ajoelhar, contrito, agradecendo a graça que recebera. Esperamos pela missa. Depois visitamos pequenos museus (que ele fez questão de me mostrar), comemos em um restaurante típico, fomos à feira comprar alguma coisa para minha avó. Em todos os lugares ele fazia questão de me mostrar como o “santo do sertão” cuida daqueles que o respeitam e como a devoção do sertanejo o ajuda a sobreviver aos piores períodos de seca.
Voltamos dois dias depois. Para minha surpresa, a estrada mudara. Enquanto estávamos em Juazeiro, o inverno havia começado. No nordeste semi-árido inverno é sinônimo de chuva. Visitar o sertão após uma “chuvarada” é um presente, pois, como se estivesse apenas esperando pelas primeiras gotas de água, a vida rapidamente brota em todos os lugares. Assim, a estrada, que na ida era arenosa e ressequida, na volta desdobrou-se em tons de verde, em florzinhas e borboletas. Foi a primeira vez que assisti àquele milagre da natureza, um milagre de água e de Fé. Redescobrindo o caminho, me senti criança. Aparentando ter muito menos idade do que realmente tinha, meu avô sertanejo sorria feliz, com mais uma de suas preces atendidas.
Esse foi o destino inesquecível de Virgínia. Você já fez uma viagem mágica? Conta para a gente!
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