Ele diz, tintim por tintim a alma do Brasil em suas heranças mágicas, suas manifestações rituais, seu comportamento em face do mistério e da realidade comezinha. Não é apenas o Homem-Dicionário que sabe tudo, é muito mais, e sua vasta bibliografia de estudos folclóricos e históricos marca uma bela existência de trabalho inserido na preocupação de “viver” o Brasil. (Carlos Drummond de Andrade falando de Luís da Câmara Cascudo)
Luís da Câmara Cascudo é um nome difícil de definir: advogado, professor, historiador, etnógrafo, folclorista, antropologista, sociólogo, ensaísta, jornalista, tradutor, comentador, memorialista, cronista, romancista, cientista, entre tantas outras práticas. Mais recentemente, pode-se até chamá-lo de publicitário, já que sua frase “o melhor do Brasil é o brasileiro”, virou slogan de umas das campanhas de marketing mais marcantes dos últimos anos.
Independente de denominações, o intelectual é nome importante no âmbito local, nacional e internacional e produziu um conjunto de obras de pesquisa, análise e interpretação da realidade brasileira de elevado grau de densidade cultural.
Cascudo era apaixonado por sua cidade Natal, e, segundo sua neta Daliana, não quis se mudar da cidade nem para assumir uma cadeira na Academia Brasileira de Letras. Na sua biografia, vemos que ele participou intensamente na formação da cidade que temos hoje. Muitos lugares deixaram sua marca em Cascudo e, ao mesmo tempo, ele deixou sua marca na cidade.
Câmara Cascudo nasceu em Natal no dia 30 de dezembro de 1898, na Rua Senador José Bonifácio, número 212, no bairro da Ribeira e foi batizado na Capela do Bom Jesus das Dores, hoje Paróquia.
Aos 14 anos, mudou-se para o bairro do Tirol. A nova casa, chamada de “Vila Cascudo” ocupava quase um quarteirão inteiro, entre as avenidas Campos Sales e Rodrigues Alves, com frente para a Rua Jundiaí, número 93, e fundos para a Rua Apodi. Parte do terreno foi doado para a construção de uma capela. A Vila não existe mais, mas a capela se tornou a Paróquia de Santa Terezinha, uma das mais queridas dos natalenses.
Ele estudou no Colégio Diocesano Santo Antônio, atual Colégio Marista, e no Colégio Atheneu Norte-Rio-Grandense. Anos depois, voltou a ambos como professor, além da Escola Normal e dos Colégios D. Pedro II e Nossa Senhora das Neves. Ele ocupou uma cadeira na Faculdade de Direito do Natal, além de ensinar Etnografia na Faculdade de Filosofia e Ética na Faculdade de Serviço Social, e foi um dos responsáveis pelo ingresso no nível de Universidade, que se tornaria a UFRN.
Foi co-fundador e idealizador de instituições como a Academia Norte Rio Grandense de Letras, a Academia Brasileira de Arte, Cultura e História, ativa em São Paulo, e a Sociedade Brasileira de Folclore em uma época na qual a cultura popular era ignorada pelos estudiosos brasileiros.
A Natal que Cascudo conheceu era muito mais simples do que a cidade que hoje existe. Porém, ele continua (e vai continuar por muito tempo) marcando presença no dia a dia da cidade. Além de vários lugares frequentados pelo intelectual que citamos na curta biografia acima, onde Cascudo está hoje? Ora, pela cidade toda!
Entre os inúmeros lugares que homenageiam este grande homem no nome, como a Biblioteca Municipal Câmara Cascudo, o Museu Câmara Cascudo, a Escola Estadual Luís da Câmara Cascudo, o Cascudo Bistrô (um dos restaurantes mais premiados da cidade), uma rua na Ribeira e uma avenida na Cidade Alta, hoje é possível visitar a Casa de Cascudo, também conhecido como Instituto Câmara Cascudo, que tem como objetivo preservar, divulgar, gerenciar e capitalizar o patrimônio cultural de Luis da Câmara Cascudo.
O endereço não foi escolhido ao acaso. Ela fica na Avenida Câmara Cascudo, na casa em que o intelectual viveu por quase 40 anos. Foi lá que ele se casou com sua esposa Dáhlia, onde nasceram seus filhos e onde sua filha se casou. Também foi nesse lugar que ele escreveu grande parte de sua imensa obra e recebeu muitos amigos ilustres, que deixavam autógrafos nas paredes da biblioteca. Entre nomes como Juscelino Kubitschek, Gilberto Freyre, Procópio Ferreira, Dorival Caymmi, Mário de Andrade, Luiz Gonzaga e Heitor Villa-Lobos, Ary Barroso desenhou na parede o primeiro compasso de Aquarela do Brasil, dedicado “ao gênio e ao amigo”; em outra parede, Assis Chateaubriand declarou-se “grudado a esta casa como um cascudo no fundo do rio Potengi”. Em 1990, a casa foi tombada a nível estadual como forma de preservação e conservação histórica e encontra-se aberta à visitação.
Este artigo faz parte da Blogagem Coletiva que marca o lançamento da rede Viaje pelo Nordeste, além de comemorar o Dia do Nordestino. Viaje pelos posts de outros blogs participantes da rede e conheça outras personalidades arretadas do Nordeste!
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Que linda relação entre Cascudo e Natal. Realmente muito amor pela cidade ele tinha. E merecida homenagem ele recebeu. E não sabia que o slogan era dele, muito interessante.
Excelente post!
Vaneza, ficamos felizes com o elogio (ao blog e ao mestre Cascudo!). Volte sempre por aqui. 🙂